Chegamos á sala e a professora já estava lá dentro, pedimos desculpa pelo atraso e entramos.
Tirei as coisas da mochila, pus em cima da mesa e permaneci sempre calada, a pensar na reviravolta que a minha vida tinha sofrido nos últimos tempos … primeiro a história dos meus pais que não me saía da cabeça e agora este afastamento todo com a Mariana.
A cada minuto que passava só me vinham memórias á cabeça, os momentos passados com a Mariana, as nossas brincadeiras, as nossas discussões, a cumplicidade que ambas criamos, aqueles arrepios que eu sentia por cada vez que ela me sussurrava ao ouvido e dizia ‘ amo-te melhor amiga ‘ , aqueles momentos de pura felicidade que passamos ao lado uma da outra.
Era a última aula do dia e estava prestes a acabar , só queria ir para casa , poder ligar a música a altos berros e ficar sozinha , no ‘meu mundo’ , para poder refletir sobre tudo o que se tem andado a passar ultimamente.
A aula tinha acabado, despedi-me do Tiago e fui andando. Quando estava quase a sair da escola deparo-me com a Mariana a correr na minha direção e a chamar por mim.
- Joana, espera por mim – dizia ela num tom alto.
- Diz Mariana.
- Ainda não acabámos a nossa conversa – diz ela
- Eu sei que não – Disse eu num tom um pouco frio.
- Quando é que falamos? – Pergunta ela
- Sinceramente não sei, mas espera ai um pouco – Pedi eu.
Peguei no telemóvel e liguei para a minha tia.
- Tia será que a Mariana pode ir lá a casa almoçar e passar a tarde comigo? - Perguntei
- Sim, claro que sim, ela já é quase da casa. Vá portem-se bem, até logo.
Desliguei a chamada e fui para junto da Mariana.
- Mariana e que tal vires almoçar comigo e passarmos a tarde juntas para podermos acabar a nossa conversa? – Pergunto eu com uma certa felicidade
- Sim, claro que sim, até porque precisamos mesmo de continuar a nossa conversa.
- Vamos então – Digo.
Dirigimo-nos para minha casa, seguimos por um caminho que costumávamos percorrer sempre juntas e a Mariana de repente faz-me uma pergunta que me deixa com um sorriso enorme na cara.
- Joana, lembras-te do que dizíamos sempre? ‘Aconteça o que acontecer, iremos sempre percorrer este caminho, onde fomos tão felizes ‘ e já reparas-te que é o que está a acontecer? – Diz ela a sorrir
- Sim reparei, e lembro-me tão bem de tudo o que dizíamos, de todas as promessas, lembro-me de tudo. Sabes, peço desculpa se também não tenho facilitado muito, desculpa se já não passo tanto tempo contigo como antes, mas não me sais da cabeça melhor-amiga.
Depois de ter dito aquilo, parámos de andar, olhamo-nos nos olhos, permanecemos um bom tempo assim até que me aproximei dela e a abraçei com todas as minhas forças. Naquele momento parecia que o tempo tinha parado, senti-a o coração dela, batia com força, parecia que ouvia cada batimento.
Senti-me tão bem ao tê-la mesmo ali nos meus braços como já não a tinha á muito tempo. De repente ouço a Mariana a dizer: ‘ amo-te melhor amiga! ‘ . Mal acabei de ouvir aquilo, abraçei-a ainda com mais força. Só queria que aquele momento durasse para sempre, e foi aí tive certezas que desperdiçamos demasiado tempo com coisas parvas, quando podíamos ter permanecido sempre ao lado uma da outra.
Continua *
// Ana Carolina

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